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O engenheiro da descentralização do sistema de C&T


Francisco Romeu Landi presidiu a FAPESP de 1995 a 1996 – era membro do Conselho Superior da Fundação desde 1991 –, antes de ser indicado diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo (CTA), cargo que ocupou até a sua morte, em abril de 2004.

Engenheiro formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), da qual foi diretor, Landi teve um papel fundamental na consolidação das fundações de amparo à pesquisa (FAPs) em todo o país. Atendendo à solicitação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ele reuniu, em julho de 1988, dez FAPs em sua primeira reunião. Juntas, elaboraram a Carta de Natal – intitulada Proposta para uma Política de Inovação Tecnológica – e institucionalizaram o Fórum Nacional de Fundações e Entidades de Amparo à Pesquisa dos Estados e Distrito Federal.

Foi o primeiro passo para que as fundações passassem a atuar como “elemento de descentralizações do Sistema de Ciência e Tecnologia”, ele disse em 1997, em entrevista publicada no livro FAPESP 40 anos: Abrindo Fronteiras, organizado por Amélia Império Hamburger. Landi foi eleito presidente do Fórum das FAPs em 2001 e reconduzido em 2003.

Por ocasião de sua morte, ele se preparava para integrar a equipe responsável pela organização da 2ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia; negociava a representação das FAPs no Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia; e acompanhava de perto a produção e a edição dos Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação no Estado de São Paulo 2003 , que seria lançado pela FAPESP em 2004.

Landi sempre se pautou pelo princípio de que a tecnologia tem profunda repercussão na sociedade e é elemento crucial para as mudanças sociais. Reconhecia o papel indispensável do Estado na formulação de políticas públicas que estimulassem a inovação. E sonhava com a sociedade do conhecimento “sem fronteiras, dinâmico, democrático”. “Será uma sociedade de seniores e de juniores e não de chefes e subordinados”, previu em sua palestra durante o seminário que comemorou seus 70 anos, juntando suas ideias às de Peter Drucker, de acordo com o texto Construtor Obstinado, publicado em 2004 na revista Pesquisa FAPESP.

“Preocupa-me a formação do engenheiro em uma sociedade que se transforma tão rapidamente. Como organizar um curso de engenharia no qual devemos ensinar tecnologias que ainda não foram criadas? De que maneira devemos completar a formação do engenheiro com psicologia comportamental, criatividade, trabalho em equipe, empreendedorismo, cidadania, de maneira a poder enfrentar os novos desafios que se apresentam?”, indagava-se. Atrás de respostas, Landi mergulhou de cabeça no projeto Poli 2015, que teve como meta transformar a Escola Politécnica para mantê-la como referência nacional e internacional em ensino, pesquisa e extensão universitárias.

No período em que esteve à frente da FAPESP, Landi pautou a sua ação tendo por base duas das atribuições da instituição previstas em seus estatutos: a divulgação do conhecimento científico e a promoção periódica de estudos sobre o estado geral da pesquisa em São Paulo e no Brasil, bem como de estudos históricos e de avaliação do impacto das pesquisas na sociedade que pudessem servir como instrumento de formulação de política científica e tecnológica.

Landi estimulou a criação da revista Pesquisa FAPESP, iniciada em 1995 como o boletim Notícias FAPESP, e foi responsável pela implantação de um setor responsável pela produção de indicadores paulistas de ciência e tecnologia. Ele próprio coordenou a produção e edição dos Indicadores de 1998 e de 2001 e o projeto de criação do Centro de Documentação e Informação (CDI), que reúne banco de dados contendo toda a memória da FAPESP.

Em uma extensa e bem-sucedida carreira, ocupou diversos cargos de comando, tendo sido presidente do Conselho do Instituto de Eletrotécnica e Energia, vice-presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), presidente do conselho deliberativo do Centro de Desenvolvimento e Documentação da Indústria de Plástico para a Construção Civil e membro do conselho de administração do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, do Ministério da Ciência e Tecnologia, de acordo com informações da Agência FAPESP

Em 2000, recebeu o título de Eminente Engenheiro do Ano, do Instituto de Engenharia; em 1999, o de Chevalier dans l’Ordre des Palmes Académiques, do Ministério da Educação Nacional da Pesquisa e da Tecnologia da França, além do prêmio Professor do Ano, conferido pela Poli. Em 1998, recebeu o Troféu Personalidade de Pesquisa e Educação, do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo; e em 1992, o de Cavaleiro da Ordem do Mérito Naval, da Marinha brasileira.